Turma da Mônica
Além de diversão, “Turma da Mônica” oferece reflexão sobre o mundo em que vivemos
A exibição da “Turma da Mônica” na TV aberta não é uma conquista de Mauricio de Sousa. Os personagens têm produtos licenciados em mais de 40 países, entre eles Estados Unidos, Itália, Indonésia e Espanha. O sucesso comercial já é uma realidade. A chegada da animação dos personagens mais famosos dos quadrinhos brasileiros oferece aos telespectadores, além de diversão, um momento de reflexão sobre o mundo em que vivemos.
Há quem veja na “Turma da Mônica” um mau exemplo para as crianças. A intolerante e irritante turma do politicamente correto critica a violência da Mônica, a gula de Magali, os erros de pronúncia de Cebolinha e a aversão ao banho de Cascão. Estes chatos encontram nos personagens exemplos de bullying, prática que da noite para o dia se tornou caso de saúde pública, sendo que isso sempre existiu e serviu até mesmo como rito de passagem para muitos.
De nada adianta colocar nossas crianças em redomas de vidro e falsas fortalezas que são facilmente corroídas pela violência e pelas drogas. Repare sempre na presença dos pais nas histórias da “Turma da Mônica”, seja com gestos de atenção e carinho, seja com punições e puxões de orelha quando necessários. Isso em nada lembra os pais contemporâneos, que negligenciam a educação de seus filhos para babás, escolas e dezenas de atividades extracurriculares que os privam da liberdade e do livre arbítrio.
Em vez de pega-pega, esconde-esconde, futebol, vôlei e outras atividades ao ar livre, as crianças vivem encarceradas em condomínios e shoppings. A turma da rua se foi. Certamente, alguns pais se defendem com o argumento da sociedade violenta. Pois se convivemos em um ambiente agressivo, onde predomina a competição selvagem e o egoísmo, somos nós os responsáveis por isso. Somos a geração anterior que entregou isso aos nossos filhos.
Agora, nos resta assistir às animações da “Turma da Mônica” como algo idílico e quase inalcançável, pois tomou de nossas crianças o direito de serem briguentas, comilonas, falar errado e fugir do banho eventualmente.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
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